Dona Zeli é muito querida por todos os paroquianos. Devota fervorosa de Sant’Ana, do Coração de Jesus, do Coração de Maria e de toda a corte celestial, ela não perde nenhuma celebração nem nenhum evento promovido pela Paróquia.
Na igreja, costumo sentar do lado esquerdo; Dona Zeli prefere o direito e disputa os bancos da frente ao lado de sua filha Joseli. Cá detrás, observo seus cabelos de um branco brilhante sempre presos. Veste-se, frequentemente, com um conjunto formado de saia e casaco; mas, às vezes, usa um vestido soltinho amarrado por um laço pouco abaixo da cintura. Algo inédito, porém, aconteceu na missa de 9 de agosto, às 9 da manhã, em homenagem ao dia dos pais. Dona Zeli chegou trazendo no braço o jaleco de Ministra da Eucaristia mas, por ser dia dos pais, foi liberada do Ministério em favor dos homens-pais. Igreja cheia, vejo uma Dona Zeli, intrépida, marchando em minha direção e ocupando a ponta do meu banco. Sim, a ponta, o melhor lugar porque nos dá liberdade plena de ir e vir. Como sua fã, sofri a perda do lugar sem problema e apertei-me e apertei minha filha Teresa e meu marido Téo, acolhendo-a alegremente. Ao seu lado, apreciei o tom claro da pele, o batom discreto e os brincos de brilhantes. Parecia uma figura de louça muito linda e preciosa. A missa começou e com o jornal e a folha de cânticos, ela rezou, cantou e sorriu várias vezes durante a homilia como que apoiando a pregação de Padre Abel. Aliás, o Padre Abel estava inspirado, parceiríssimo do Alto, fez uma homilia pra ninguém botar defeito. Com Dona Zeli, abri o peito, cantei e rezei na igreja lotada de fiéis. Comungamos e ajoelhamos. Pensei que ela ficaria de pé, mas se ajoelhou para fazer louvores a agradecimentos. Foi prazeroso tê-la ao meu lado no lado esquerdo da igreja. Experimentei uma emoção inesquecível. Prefiro, porém, vê-la do lado direito, observando seu cabelo e imaginando a cor do seu batom. Muito aqui pra nós, Dona Zeli gosta de passar pó compacto para garantir o veludo da pele. E quanto ao batom, ela o passa sobre os lábios e, com a ponta dos dedos, retira o excesso deixando os lábios no tom desejado. Obrigada, querida, por ser presença forte e constante entre nós. Obrigada, também, pelo seu coração generoso que muito colabora com as obras de nossa igreja. Obrigada, ainda, pelo testemunho público de fé quando acompanhou, a pé, a imagem de Sant’Ana Peregrina na procissão que a conduziu até o Jd. Bahiano. Obrigada, obrigada!
2 Comments
Maria Auxiliadora
19/1/2021 20:37:34
Que bonita descrição !
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Eduardo Pinheiro de Carvalho
19/1/2021 21:23:27
Essas palavras sobre minha mãe me comoveram bastante! Meus agradecimentos a Regina pela sua generosidade. Agradeço também a Padre Luna (in memoriam) a Padre Abel e a todos os paroquianos que compartilharam com ela esses momentos de vida consagrados a uma mesma fé. Perdi-a fisicamente para o tempo, mas o meu coração a guardará para a eternidade, pois o amor verdadeiro é imortal!
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Março 2024
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